Boas rapazes, muito se diz acerca dos fatos principalmente de quando os devemos usar, mas o meu principal objectivo é mostrar-vos que o fato não é só aquele conjunto que todos conhecem por alto e que se usa com camisa e gravata, existe muito mais para descobrir e pode ser tão complexo que até eu “Sr.Fato” me chego a confundir com diversos estilos que existem dentro do estilo clássico!
Já vos falei da história do fato, foi no Reino Unido que começa esta forma de vestir e claro noutros países seguiram-se as influencias, mas claro o Reino Unido não é tudo no mundo dos fatos sua alteza real príncipe Carlos e como antigamente não existia uma forma de comunicação como a de hoje é normal que as diferenças sejam bastantes e claro as condições climatéricas obrigam também a diferentes tecidos e formas de construção do próprio vestuário. No entanto hoje em dia a mistura de estilos é muito normal e só comprando um fato a um alfaiate inglês ou italiano conseguimos perceber as diferenças de cada localidade.
O Fato Inglês
Sendo o primeiro e derivando dos uniformes militares é normal que lhe seja conferido um aspecto mais conservador. Mas como percebemos que é um fato inglês?
Em primeiro lugar tenho de vos mencionar que em Inglaterra o clima é mais frio, poucas são as vezes que se vê o sol e claro isso obriga a fatos mais quentes, os tecidos como a lã, a flanela ou o tweed são muito usuais o corte mais tradicional em tons de cinza ou azul escuro é associado em qualquer lado do mundo como o fato para trabalhar inglês o “business suit”. Na Savile Row, a famosa rua dos Alfaiates em Londres, é natural encontrar facilmente quem nos poderá fazer um fato com este corte.
O Casaco do fato Inglês tradicional é assertoado, a cintura fica alta e as abas do casaco caiem de forma longa sobre as ancas. Os ombros são ligeiramente estruturados e construídos de forma caída, torna assim a silhueta mais direita, mas sempre com ar natural. Os botões das mangas desapertam, geralmente só os dois inferiores pois podiam ser dobrados para trabalhos em que as mangas podem atrapalhar. A estes botões funcionais dos punhos, chamavam “punhos de cirurgião”.
Na parte de trás da lapela esquerda do casaco, encontramos uma presilha para poder colocar o pé da flor que ficará na casa da lapela. Tem sempre duas fendas para mais facilmente colocarmos as mãos nos bolsos sem tirar a forma ao casaco. Há quem use sem qualquer fenda o que torna o casaco muito mais elegante. As calças são cortadas com a cintura acima da anca e próximas das pernas, raramente têm dobra e são presas tradicionalmente por suspensórios, também há quem use cinto, mas para uma figura mais cuidada e para um cair das calças mais perfeito eu aconselho os suspensórios!
O Fato Americano
Este fato tem pouco que se lhe diga, no fundo é uma apropriação do fato inglês por medida, mas alterado para se vender para as massas! Atribui-se essa transformação à marca Brooks Brothers que comercializou os fatos em medidas standard.
Este fato tem como característica principal a sua forma reta que em nada acompanha o formato do corpo de quem o veste. É muitas vezes chamado de “sack” que deriva da jaqueta “sacque” francesa mas que por muitos é mais associado ao termo “saco” pois temos de admitir parece um saco de batatas!
As calças também são muito retas o que torna o fato muito pouco elegante. No entanto por se vender tão rápido, foi logo espalhado pelo mundo e muitas vezes nas lojas em que encontramos fatos mais em conta, trata-se deste fato americano, hoje em dia já em “slim fit” mas com um corte péssimo!
O Fato Italiano
Em Itália as coisas complicam-se, pois existem diversas formas de construção dos Fatos. Mas em Nápoles é que existe a verdadeira essência do fato italiano!
É de notar que o clima é mais variado em Itália o que permite mais criatividade no uso dos tecidos, cores e cortes! Aqui os fatos são sempre de aspecto mais informal, se os compararmos com os ingleses, mas por outro lado são tão elegantes que em qualquer lado do mundo destacam a pessoa que os usa!
Comecemos pelo casaco que não tem ombros estruturados, acompanham a forma natural do ombro humano e até têm uma forma de construção própria “spalla camicia” cosidos como as camisas, o que torna o casaco mais leve.
As lapelas variam as suas formas, mas querem-se largas e grandes. Pode-se apertar o casaco, sendo ele assertoado ou não, mas é uma característica deste local, usar 3/2 botões e o botão superior é cosido na viragem da lapela, ficando escondido o que lhe confere alguma versatilidade no corte. Debaixo da lapela, no bolso onde colocamos o “pocket square” também há uma diferença, este é cosido inclinado e faz lembrar um pequeno barco, é chamado de “barchetta”.
Os botões são geralmente de “cirurgião” e os bolsos do casaco mais desportivos!
O casaco é mais curto do que o inglês e mais cintado, nas costas termina com abertura dupla.
As calças podem ou não ter dobra e costumam ser mais ajustadas à perna.
Confesso que tenho imensa pena de não haver um estilo com caracteristicas mais portuguesas, mas até ao dia ainda não encontrei nada em que os portugueses tenham contribuído para a construção do fato de hoje em dia, no entanto já damos cartas no que toca ao estilo e claro pouco importa se fomos nós quem introduzimos, mas sim se somos mestres a usá-los! E nisso acho que estamos a caminhar para lá chegar cheios de pinta!
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