Boas Rapazes, a publicação de hoje é um pouco diferente, deixo-vos um pequeno conto de Natal contado pela primeira vez, na primeira pessoa… sim, a partir de agora é o Sr.Fato que vos fala…
Dia 24 de Dezembro 2020
Olho para o relógio automático e os segundos passam sem saltitar, são 17:00h e ainda estou no meu trabalho, tal como muitas pessoas que trabalham na véspera de Natal. Já se sente a ansiedade para chegar a casa e ter a família em redor da mesa que este ano está com lugar sim, lugar não, devido à pandemia e nem sei ainda como lidar com esta situação de olhar para todos de máscara para protegermos os mais velhos, mas nem quero pensar muito sobre o assunto que me deixa muito triste.
No meio de tanto pensamento, já é hora de saída vou até ao bengaleiro, tiro o meu sobretudo e o fedora que entretanto estava meio amachucado e ao descer a escadaria do meu local de trabalho, ouço por todo o lado desejos de boas festas e como sempre, ao sair, seguro a porta para quem me acompanha na saída, solto um “Santo Natal” com um enorme sorriso que tapado pela máscara apenas se vê pelos olhos meio fechados. Todos me agradecem e ainda ouço a frase de agradecimento comum a estes gestos “Já não se fazem cavalheiros assim!”.
A caminho do carro recebo um telefonema do Tiago Froufe que já está junto do seus e me deseja um feliz natal, mas enquanto calço as minhas luvas, para conduzir, percebo que ainda me falta um pormenor importante, assim que desligo a chamada, lembro-me que alguém muito especial me pediu através do instagram dicas para o look perfeito para este natal e apesar de já ter escrito sobre o assunto, no blogue Bons Rapazes uma vez, este não era um pedido qualquer e tinha de ser completamente detalhado porque se tratava, nada mais nada menos do que o Pai Natal! Sim, também fiquei espantado com o pedido de mensagem no Instagram, já desde muito pequeno que não acreditava naquela personagem de barbas brancas, mas senti que era um privilégio então resolvi responder.
Já atrasado para chegar a casa e ajudar com o bacalhau, ainda me sentei no carro a trocar mensagens com o Pai Natal, que não sabia se iria vestir o seu fato encarnado como de costume ou aquele em tons de verde que de vez em quando gostava de vestir para ser diferente. No meio de toda aquela conversa, pensei que tinha de ser algo bem quentinho para a sua viagem no trenó e por isso aconselhei, dentro das opções, a vestir um fato vermelho como este…
umas botas balmoral com um ligeiro brogue na biqueira…
Umas luvas bem quentes, o clássico barrete de natal
E por cima de tudo algo bem português, um capote alentejano!
Logo depois de toda esta troca de mensagens, agradeci a sua escolha e confiança nas minhas dicas e ainda recebo a novidade que o Pai Natal gostaria de visitar a minha casa e ser o próprio a entregar os presentes a todos! Naquele momento esqueci tudo e voltei a ser criança, a acreditar em toda a magia do Natal, segui para casa pronto para contar a novidade a todos!
Já em casa, apesar de todas as regras de distanciamento, lá estavam todos os meus familiares, eram três mesas de três casas diferentes, tudo de mascara mas a alegria lá estava como sempre, a minha gravata que costuma estar sempre de nó prince Albert bem composto estava toda torta devido aos braços no ar enquanto cantávamos todos juntos musicas alegres. Toda a refeição estava ótima e depois da missa do galo, que continua a ser a nossa forma de festejar o verdadeiro significado do natal o nascimento de Jesus, lá nos juntámos em casa para trocar os presentes, mas desta vez todos à espera do Pai Natal!
Toca a campainha, os miúdos ficam em alvoroço e aquele nervoso miudinho começa a chegar, assim que a porta se abre vejo as botas balmoral a darem um passo e depois de olhar para todo o look que tinha escolhido, olho para a cara do pai natal e percebo que a pessoa que pensava eu já não acreditar esteve sempre connosco o tempo todo, era o meu pai disfarçado e este ano resolveu fazer esta surpresa de forma a reviver aquilo que fazia quando éramos mais pequenos.
Depois disto, senti que tinha de vos deixar a mensagem de que o Natal é uma altura de esperança, um momento de voltarmos a acreditar que tudo vai ficar bem e que por vezes podemos andar distraídos com coisas que não importam, demasiado preocupados, mas se tirarmos tempo para ajudar alguém (tal como fiz com o pai natal) esse gesto poderá transformar-se em algo bem melhor para nós! Simplesmente porque fizemos o bem!
Um Santo Natal para todos do vosso amigo cavalheiro,