Seja na África ou na América do Sul, o Dakar só é o que é por causa de cada um dos heróis que decide aventurar-se pelas dunas. É isto, o Dakar é movido por heróis. Em todas as edições do rali mais árduo do mundo, há grandes histórias. Nesta não será diferente, e a história que queremos contar-vos é mesmo especial.
Entre cerca de 500 participantes, um nome tem ganhado destaque: Lucas Barrón. O rapaz, de 25 anos, irá marcar a história da corrida por ser o primeiro participante com Síndrome de Down a atravessar as dunas peruanas como co-piloto. Ao seu lado estará o pai, Jacques, na equipa que leva o apelido da família: “Barrón X 2”.
Os últimos dias têm sido intensos para Lucas. Jornais de todo o mundo querem falar com o corajoso rapaz. “Estou pronto, mas estou um pouco nervoso porque é a primeira vez que corro o Dakar. Ontem à noite eu não dormi nada. As próximas dez noites provavelmente não dormirei também. Eu vivo para isto”, diz Lucas, cheio de emoção.
Lucas também pratica futebol, natação, ciclismo e surf, mas são os motores que desafiam os seus limites. O rapaz e o seu pai vão disputar a competição num UTV que ele conhece muito bem. Afinal, a sua paixão por mecânica levou-o a aprender tudo sobre motores: “Desde que eu era pequeno que gosto de motores. Meu pai ensinou-me muitas coisas. Agora vou ajudá-lo a ter o motor perfeito”.
A dupla já participou em outras 2 competições, o Baka Inca e o Desafio Inca. Mas estas foram só uma preparação para o grande dia. E para além da experiência, a dupla conhece bem o terreno que vai pisar. É que o facto de serem peruanos, segundo Jacques, pode dar-lhes alguma vantagem sobre os adversários. “Acho que começamos com alguma vantagem sobre os pilotos estrangeiros. Vivemos na zona onde são as primeiras etapas, que é o sítio onde treinamos. É a corrida mais difícil do mundo e pouquíssimas pessoas terminam ”, diz Jacques.
Jacques tem muitos quilómetros percorridos mas não restam dúvidas de que esta edição será especial para ele. “Conseguir um bom co-piloto é a coisa mais difícil nos ralis. Mas tive sorte de ter um co-piloto de 25 anos que esteve sempre ao meu lado. Além disso, todo o país olha para nós, o que é uma responsabilidade extra”, acrescenta.
O que nos resta dizer é que cá estaremos a torcer por eles!