CINEMA POR MIGUEL MONTEIRO | EM PORTUGUÊS

Bons Rapazes | Cinema - a uma hora incerta

Finalmente chegou o ano em que a ladainha acabou. Crise no cinema português? Mas qual crise?

2015 fica para a História como o ano em que um filme bateu todos os recordes de bilheteira: “O Pátio das Cantigas” de Leonel Vieira ultrapassou o meio milhão de espectadores em sala.

2015 fica para a História como o ano em que um realizador, Miguel Gomes, e um produtor, Luís Urbano, tiveram a ousadia de fazer uma trilogia que conquistou o mundo. “As Mil e Uma Noites” e os seus três volumes, estreados em Cannes, premiados na Austrália e na Polónia, que já estrearam nas salas portuguesas, de França, Suiça e Estónia têm já estreia assegurada em mais de vinte países.

Se juntarmos a isto o regresso de Margarida Cardoso com “Yvone Kane”, a loucura saudável de “Capitão Falcão” ou os números de bilheteira que documentários como “Pára-me de repente o Pensamento” de Jorge Pelicano ou “Vontade de Vencer” de André Banza fizeram, já estaríamos perante um belo ano de cinema em Portugal.

Mas há mais. Há muitíssimo mais para ver até ao final de 2015.

Esta quinta-feira regressa às salas Carlos Saboga, três anos depois de “Photo”. O realizador e argumentista traz-nos “A Uma Hora Incerta”, passado no Portugal salazarista de 1942, traz-nos as interpretações seguríssimas de Paulo Pires e Pedro Lima e traz-nos a estreia em cinema de duas actrizes que a televisão lançou: Joana Ribeiro e Filipa Areosa.

Como se não bastasse, quem for ver “A Uma Hora Incerta” pode ainda assistir, como complemento, à curta-metragem de Tiago Guedes “Coro dos Amantes” com Isabel Abreu e Gonçalo Waddington. São vinte minutos de cinema puro. Do mais puro que há.

Novembro começará logo em grande com o regresso de João Canijo. O autor de “Sangue do Meu Sangue” juntou-se à sua actriz Anabela Moreira e ambos realizam “Portugal – Um Dia de Cada Vez”. A estreia será no DocLisboa, mas o filme chega às salas no dia 5.

Dia 19, a não perder: depois das curtas premiadas em Cannes e Berlim, João Salaviza estreia-se nas longas-metragens com “Montanha”, onde reencontramos o Rodrigo Perdigão de “Rafa”.

Na semana seguinte, chega o “blockbuster”… ou pelo menos aquele que todos estão à espera que seja mais um “blockbuster”. Leonel Vieira regressa com Miguel Guilherme, Sara Matos e Dânia Neto no filme “O Leão da Estrela”. Chegará ao meio milhão de espectadores? Ultrapassará a marca de “O Pátio das Cantigas”?

Dezembro será o mês de Victoria Guerra. A terminar o seu primeiro filme americano, “Wilde Wedding” ao lado de John Malkovich e Glenn Close, Victoria é a protagonista de “Cosmos” de Andrzej Zulawski, produzido pelo português Paulo Branco, com Ricardo Pereira e Sabine Azéma (nos cinemas a partir de dia 3) e será a actriz principal do novo filme de António-Pedro Vasconcelos, “Amor Impossível”, ao lado de José Mata, com estreia marcada para a véspera de Natal.

Crise no cinema português? Tomem então nota dos filmes nacionais que estão prontos a estrear mas ainda não têm data definida: “Ornamento e Crime” de Rodrigo Areias” e “Estive em Lisboa e Lembrei de Você” de José Barahona estão presentes já em Outubro na Mostra de Cinema de São Paulo, no Brasil. Tal como “John From” de João Nicolau, que estreia depois em simultâneo em Portugal e no Brasil a 3 de Março. “Cinzento e Negro” de Luís Filipe Rocha já teve uma ante-estreia no Faial e venceu o Figueira Film Art em Setembro. Aguarda-se ainda o anúncio das datas de estreia de “Amor Vadio” de Vicente Alves do Ó, de “Gelo” de Luís Galvão Teles e de “Uma Vida à Espera” de Sérgio Graciano. E no Lisbon & Estoril Film Festival está já garantida a ante-estreia da primeira longa-metragem de Patrícia Sequeira, “Jogo de Damas”, com Rita Blanco, Maria João Luís e Ana Padrão.

Crise? Venha daí um 2016 igual… ou, pelo menos, parecido!

 

Miguel Monteiro
(sigam por aqui)