Gato ‘comendo’ Toblerone Tropical
Bem ao jeito tropical, esta habitação no Brasil mostra o que se pode fazer quando a ideia é a casa no jardim e o jardim na casa.
De formas simples e em estrutura mista de betão com pilotis ao sabor ‘Corbusiano’, divide-se em dois pisos. Um social, em baixo, e totalmente transparente com laminas de vidro que ligam o interior/exterior numa simbiose contagiante. No de cima, mais intimo, organizam-se quartos e sala de cinema. Este último reveste-se de uma ‘pele’ em ripas de madeira filtrando a luz, que pela forma triangular, fazem lembrar os chocolates Toblerone que originou o nome da casa.
Num pequeno filme realizado pelo autor do projecto, o arquitecto Márcio Kogan, em tempos cineasta, ali viaja-se deambulando no espaço pela visão de um gato.
Neste caso podemos dizer que certas casas sendo feitas para o homem, têm também outros ‘Lordes’ que nelas habitam, desfrutando da serenidade que ali é permitida, onde as dimensões mudam, as perspectivas alteram-se e o modo como se vive fica mais generoso.
Aquilo que o arquitecto pensa e projecta acaba por ter outros pontos de vista que se estendem para além do seu directo utilizador, e, quando o resultado é harmonioso como esta casa, lembra-me uma frase de Souto Moura sobre a obra de Siza: ‘gosto da naturalidade dos seus edifícios, fazem-me lembrar gatos a dormir ao sol.’
Miguel Ribeiro de Carvalho
www.ribeirodecarvalho.pt
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