Bom, antes de mais nada, um feliz dia a todas as mulheres que nos lêem. A vocês e, naturalmente, a todas as outras por esse mundo fora. Mas, afinal de contas, o que é o Dia da Mulher? Não faz qualquer sentido estarmos para aqui com palavras bonitas se não soubermos, de facto, o que está por trás desta data especial. Por essa razão, decidimos, de forma muito resumida, contar-vos como surgiu tudo isto. Para isso, vamos recorrer a uma simples ‘barra cronológica’ com alguns dos acontecimentos mais relevantes. Um deles foi, certamente, o incêndio da fábrica “Triangle Shirtwaist”, onde morreram mais de 140 mulheres, que foi uma espécie de “abre-olhos” para a precariedade das condições de trabalho. A partir daí: domino effect.
Primeiro que tudo, é preciso frisar que estamos perante um data que pretende homenagear as conquistas sociais, económicas, culturais e políticas, conseguidas pelas mulheres ao longo da história. É bom lembrar que a luta já existia antes de existir um dia específico para a celebrar. A história deste dia começou a escrever-se há mais de 100 anos, nos Estados Unidos da América, numa altura em que a sociedade atravessava uma das fases mais críticas do processo de industrialização.
1908 – Cerca de 15 mil mulheres reuniram-se na cidade de Nova Iorque numa marcha que exigia menos horas de trabalho (as mulheres trabalhavam cerca de 15h/dia), melhores salários e o direito ao voto;
1909 – O Dia Internacional da Mulher começou por ser um Dia Nacional das Mulheres nos EUA, por volta de 28 de fevereiro de 1909;
1910 – Clara Zetkin, líder do “Departamento Feminino” do Partido Social Democrata na Alemanha, foi a primeira a propor a internacionalização do Dia da Mulher, durante uma conferência de Mulheres Trabalhadoras em Copenhaga, onde estiveram mais de 100 mulheres, de 17 países. Por unanimidade, nasceu o Dia Internacional da Mulher;
1911 – Após aquela decisão, Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça celebraram, pela primeira vez, o Dia Internacional da Mulher, a 19 de março de 1911. Mais de um milhão de mulheres e homens marcaram presença em manifestações e marchas pelos direitos da mulher no trabalho, ao voto, e pelo fim da discriminação de género.
25 de março de 1911 – Apenas uma semana após o primeiro Dia Internacional da Mulher, um trágico incêndio na fábrica de têxteis Triangle Shirtwaist, em Nova Iorque, tirou a vida a mais de 140 trabalhadoras, grande parte delas imigrantes italianas e judias. Este acontecimento despertou ainda mais as atenções para as condições precárias do trabalho feminino, tendo levado a que a legislação do trabalho nos EUA fosse um dos claims do Dia Internacional da Mulher nos anos seguintes;
1917 – No último domingo de fevereiro deste ano, na Rússia, centenas de mulheres que trabalhavam em fábricas de têxteis deram início a uma greve de 4 dias que suplicava por “Pão e Paz”, em respeito pela morte de mais de 2 milhões de soldados russos na I Guerra Mundial. O primeiro dia desta greve – 23 de fevereiro do calendário juliano – correspondia, no calendário gregoriano, ao dia 8 de março; No final dos 4 dias, o Czar foi forçado a ceder e foi garantido às mulheres o direito ao voto, por parte do governo provisório instituído.
1975 – As Nações Unidas reconhecem e assinalam, pela primeira vez, o Dia Internacional da Mulher;
1996 – A partir deste ano, as Nações Unidas passaram a adoptar um tema anual para dar o mote a esta data. “Celebrar o Passado, Planeando o Futuro” foi o primeiro de todos. Em 1997, o tema foi “Mulheres na Mesa da Paz”. Em 1998, “Mulheres e os Direitos Humanos”. Em 1999, “Um mundo Sem Violência Contra as Mulheres”. A tradição mantém-se até aos dias de hoje.