Vincent Black Lightning: a moto mais cara de sempre em leilão

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Fez-se história! Este fim-de-semana, houve leilão da Bonham’s em Las Vegas, mas não foi apenas mais um leilão… O recorde da moto mais cara de sempre a ser vendida em leilão foi batido e passou agora a pertencer a uma Vincent Black Lightning de 1951. O novo dono pagou quase 1 milhão de dólares por ela. Porquê?, perguntam vocês. É disso que vamos falar!

Sim, é certo que só foram produzidos cerca de 30 exemplares desta Black Lightning, mas isso não explica tudo. Os 929,000 dólares (cerca de 750 mil euros) que selaram o leilão da Bonham’s, este fim-de-semana, em Las Vegas, têm muito que ver com a história por trás desta moto. Em primeiro lugar, a Black Lightning surgiu como uma versão tuned do modelo Black Shadow da Vincent – com um motor a passar dos 55 para os 70 cv de potência e vários quilos perdidos até atingir uns rigorosos 160 kg. Quando foi lançada, era a moto de produção mais rápida com a qual se podia andar na estrada, com o ponteiro a chegar a uns impressionantes 196 km/h – números superiores aos do Jaguar XK120, o carro mais rápido na altura.

Mas foi em 1953 que a Black Lightning mais deu nas vistas, quando Jack Ehret estabeleceu um novo recorde de velocidade na Austrália – 227 km/h. Nos anos seguintes, também na Austrália, Ehret viria a vencer várias provas  com esta mesma Black Lightning – grande parte delas na categoria sidecar. Uma delas foi em 1956, no Australian TT, com George Donkin ao seu lado. Entre 1958 e 1968, Ehret retirou-se provisoriamente das corridas e a Black Lightning esteve parada, só voltando à competição em Oran Park, com John “Tex” Coleman no sidecar. Ehret e Coleman ficaram na terceira posição. Na década de 70, Ehret e a sua Vincent estavam de regresso a Oran Park, desta feita na categoria de clássicas, onde arrancaram duas vitórias com mais de uma volta de avanço sobre o segundo classificado. A última vez que a Black Lightning entrou em prova foi em 1993, em Easter Creek, tendo vencido duas corridas, com Ehret no comando e o seu filho John no sidecar. Depois disso, Ehret removeu o sidecar e passou a moto para as mãos do filho, que fez duas corridas a solo. É o próprio Jack Ehret a dizer que esta moto chegou ao pódio em 80% das corridas em que entrou, ao longo dos 40 anos que esteve nas suas mãos.

Ao fim desse longo período, a Black Lightning passou para Franc Trento, que optou por não fazer qualquer restauro. Em 2014, foi vendida ao seu último dono, que a passou de imediato para as mãos de Patrick Godet, um especialista em motos Vincent, para a recuperar. Na verdade, mais do que um restauro, Godet apenas a tornou apta e legal para circular em estrada. As várias carenagens que Ehret tinha incorporado e o sidecar foram retirados, mas mesmo assim incluídos no lote leiloado pela Bohnam’s.