Que Portugal tem grandes arquitectos já não restam grandes dúvidas. Mas, mesmo sabendo disso de antemão, não há como não ficarmos de queixo caído ao ver esta obra do atelier Filipe Saraiva Arquitectos. Simplesmente, magistral. E sabem a parte mais incrível? É que esta “Casa em Ourém”, com vista para o fascinante Castelo de Ourém, foi, de certa forma, desenhada por uma criança.
“Quando pedimos a uma criança, em qualquer parte do mundo, para desenhar uma casa, todas elas, sem excepção, apresentam-nos uma representação simplista, que consiste em apenas 5 linhas, um rectângulo e dois quadrados“, disse Filipe Saraiva à Dezeen. “Este arquétipo é normalmente definido por um polígono com uma forma geométrica regular, proporcional e com dimensões equilibradas, com as quais todos nos identificamos“, concluiu.
Ora, foi precisamente nesta ideia universal de “casa” para as crianças que o arquitecto português se inspirou para desenhar a “Casa em Ourém” – para ele próprio habitar com a sua família. Basicamente, Saraiva “limitou-se” a transpor o desenho infantil para uma escala real, ao longo deste terreno espaçoso e recheado de verde. A estrutura rectangular foi revestida com painéis pré-fabricados de cimento preto. A fachada virada a sul da casa, totalmente em vidro, leva-nos a uma pérgola em madeira, que dá acesso ao jardim, através de uma série de degraus de pedra elevados a partir do solo. A fachada norte tem a garagem, bastante bem apetrechada, diga-se de passagem. O interior é igualmente fascinante – não vamos esconder que aquele escritório/biblioteca em mezzanine nos deixou particularmente atónitos. É caso para dizer: as crianças é que sabem!