Nome completo: Éderzito António Macedo Lopes. Parece alcunha, mas não é. Nasceu a 22 de dezembro de 1987, na Guiné-Bissau, mas foi com as quinas e a esfera armilar ao peito que viveu o momento mais feliz da sua carreira. Não é o maior goleador do mundo. Na selecção, por exemplo, só marcou quatro. Mas um deles é o golo que, daqui a uns bons anos, vamos descrever aos nossos netos. Obrigado, Éder!
Com apenas 3 anos de idade, pelo facto de os seus pais não terem condições para o criar, Éder deixou a sua terra natal e foi viver para o Lar Girassol, perto de Coimbra. Foi ali que começou a dar os primeiros toques na bola. Na altura, a pontaria estava longe de estar tão afinada como esteve este domingo, na final de Paris. Éder partia muitos vidros e depois apanhava raspanetes dos grandes e castigos dos chatos. Em 2005, quando já jogava no ADC Adémia, a instituição onde vivia quis fazê-lo desistir do futebol. O treinador não gostou e foi lá bater à porta para o resgatar. E ainda bem!
Durante a época no Adémia, os golos do Éder não valiam ouro, mas valiam febras. Um dos adeptos do clube era dono de um talho e prometia carne de cada vez que Éder fizesse balançar a rede. No final da época, houve churrascada da grande. Quando chegou a sénior, mudou-se para o Oliveira do Hospital e, pouco tempo depois, para o Tourizense, onde foi receber 400 euros por mês. Em 2008, estreou-se na Primeira Liga Portuguesa, com as cores da Académica. Em 105 jogos pela equipa dos estudantes, marcou 19 golos. Depois, foram três anos de Braga, com 34 golos em 87 jogos. No início da época passada, Éder foi transferido para o futebol inglês, mas os 15 jogos que fez pelo Swansea não deram em nada. Acabou por ser emprestado ao Lille, onde, em 14 jogos, fez 6 golos. Agora, apesar de incerto, o futuro é prometedor.
A primeira internacionalização foi no dia 11 de novembro de 2012, contra o Azerbaijão. Quatro anos depois, Éder fez o seu primeiro golo oficial pela Selecção Nacional. A espera foi longa, mas valeu a pena. O golo, esse, foi dedicado a Susana Torres, a coach de alta performance de Éder. Não podemos ficar aborrecidos. Não merecíamos que o golo nos fosse dedicado a nós.
A partir do dia 10 de julho de 2016, o diminutivo “zito” deixou de fazer sentido no nome deste homem. De besta a bestial, de burro a cavalo, de patinho feio a cisne. Daqui em diante, ele é o Ederzão! Em nome de todos os portugueses, desculpa. Desculpa, por não termos acreditado em ti, por termos dito que eras zarolho, por termos desejado que nunca tivesses saído do banco de suplentes.