A nova era da moda masculina

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Desfiles, semanas da moda e peças que não têm outra utilidade para além de show off. Tudo isto é posto em causa quando nos cruzamos com criadores como Olivier Rousteing (Balmain) e Rei Kawakubo (Comme des Garçons). Duas marcas distintas, é certo, mas com um elemento comum: a transformação dos desfiles de moda em espectáculos de arte que trazem uma nova abordagem à moda masculina.

As colecções acabadas de apresentar na Semana de Alta Costura de Paris são disso exemplo. A ruptura de cânones é cada vez mais evidente, num desafio à masculinidade em que o homem sai do lugar das peças práticas e sem emoção. Caros, haverá sempre quem arrisque mais e menos e não estamos aqui para discutir isso. Este artigo trata, sim, de reconhecer que a moda está a ser cada vez mais usada para passar uma mensagem e, sobretudo, para revolucionar pré-conceitos. Os desfiles de moda masculina transformam-se em espectáculos e isso é incontestável. Senão vejamos o que aconteceu com Balmain e Comme des Garçons.

Balmain

A colecção de homem para o outono inverno de 2016 apresentou uma mistura antagónica entre o estilo militar e o brilho de peças completamente cobertas por pequenos cristais, numa clara atenção ao pormenor e ao detalhe. Casacas, botas equestres, medalhas bordadas, xadrezes, homens que se transformaram em heróis românticos, na criação de uma verdadeira aristocracia da cultura pop. Perto do final do desfile a música, que até então tinha sido uma mistura alegre de Macklemore e Kanye West, ficou mais sombria, como que numa homenagem a Paris, cidade de tolerância e diversidade cultural.

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Backstage at Balmain AW16
Photography Chloé Le Drezen

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Comme des Garçons

Uma vez mais o tema da batalha, do antagonismo entre a guerra e a paz. Peças inspiradas em armaduras misturaram-se com flores usadas na cabeça pelos modelos. A colecção explorou claramente o lado conflituoso da masculinidade, num verdadeiro trocadilho visual – peças formais e tradicionais, como blazers com ombros fortes estilo Samurai, foram adornados com mangas estampadas em cores berrantes e, em vez das máscaras aterrorizantes usadas pelos antigos guerreiros japoneses, surgiram coroas de flores na cabeça. No final, modelos vestidos de preto trouxeram bouquets de flores, que foram vistos tanto como ofertas de paz como homenagens fúnebres.

Com a segurança reforçada em Paris era impossível não fazer a ligação destes espectáculos de moda ao terror que se abateu sobre a cidade. Porque, tal como referido no início deste artigo, a moda deixa de ser associada ao vazio de conteúdo para ganhar o estatuto de forma de reacção a um mundo em crise. Com colecções como Balmain e Comme des Garçons a merecerem ser vistas ao detalhe.

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Fotos | Vogue, Dazed