Nas últimas semanas temos assistido à devastação que o vulcão da ilha do Fogo, em Cabo Verde, tem causado.
Uma área de riqueza natural insubstituível desapareceu soterrada na lava, deixando para trás zonas de cultivo, casas e propriedades dos locais, escolas e um parque natural com um cenário incrível e de visual lunar. A escala do ser humano aqui se rendia ao majestoso vulcão.
Um drama humanitário, que até agora não teve vítimas humanas, a não ser os prejuízos materiais e territoriais.
Um dos edifícios que se perdeu foi a sede do Parque Natural, inaugurado em Marçoo deste ano. De extrema beleza, ‘repousava’ no local como fazendo parte dele. Permitia que estudiosos e curiosos aprofundassem os seus conhecimentos sobre a envolvente. Construído com uma filosofia off grid, provava que se conseguem erguer edifícios em locais incríveis onde água, electricidade e esgotos não existiam.
Foi projectado por quatro arquitectos, amigos e colegas do atelier OTO, André Castro Santos, Miguel Ribeiro de Carvalho, Nuno Teixeira Martins e Ricardo Barbosa Vicente, depois de ganharem o concurso de ideias para o local, em 2007. Em 2009 esteve presente no WAF, World Architecture Festival de Barcelona, onde foi finalista da categoria Future Projects, ao lado de grandes nomes da arquitectura mundial e, no ano de 2013, ganhou o prémio Nacional de Arquitectura de Cabo Verde.
Nem todas as histórias que se constroem têm um final feliz e só a natureza sabe quando parar uma catástrofe destas. O respeito do povo pelo local é imenso e há-de sempre ser dita a velha frase deste povo, ‘Nha Terra Nha Cretcheu’.
Ficam aqui algumas imagens do que está a acontecer, bem como do edifício que vos falo.
Força Ilha do Fogo!
Miguel Ribeiro de Carvalho
www.ribeirodecarvalho.pt
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