Há modas que são bem-vindas e a consciencialização ambiental é uma delas. A preocupação com o mundo que nos rodeia é, talvez agora mais que nunca, transversal a (quase) todas as áreas económicas e sociais. Muitas das pequenas mudanças feitas em prol do ambiente não são imediatamente percetíveis, mas existem projetos com um impacto imediatamente visível. O projeto que trazemos ao A&D desta semana, a Casa Figueira, é um deles.
Se antes se destruíam florestas sem pensar duas vezes, estamos hoje num mundo em que a marcha do progresso é estudada e avaliada a cada passo. Não nos enganemos: continuamos num mundo em que os interesses humanos sobrepõem-se aos da natureza, e essa visão utópica de coexistência perfeita muito dificilmente será atingida, contudo, nada disso impede que se estendam ramos de oliveira, por mais simbólicos que sejam, e que se procure marcar a diferença ambiental.
Este projeto do estúdio brasileiro Stemmer Rodrigues faz esse esforço extra. Antes desflorestavam-se florestas imensas para construir subúrbios, agora, projetos como a Casa Figueira são erguidos para proteger as raízes de uma única árvore.
A Casa Figueira está construída de modo a proteger as raízes de uma figueira centenária em Porto Alegre, no Brasil. Esta casa modernista, construída maioritariamente de cimento, procura não perturbar o terreno onde se encontra, para que consiga salvaguardar a árvore próxima. A casa parece estar construída sobre uma formação de rochas naturais, acrescentando assim a esta ideia de proximidade homem-natureza, todavia, a verdade é que essa formação não é mais do que um truque arquitetónico bem conseguido.
Junto a essa formação de pedras está o que é talvez a característica que melhor define a Casa Figueira. O primeiro andar estende-se além do piso térreo, criando uma pequena passagem até ao jardim da casa. De um lado, a fachada é totalmente de cimento, do outro, é composta por paredes de vidro, maximizando o contacto com o canal à frente da casa.
No interior, a Casa Figueira aposta no minimalismo, de forma a complementar a sua arquitetura modernista. A cozinha, localizada no piso térreo, é em formato open floor, existindo assim uma única divisão para a cozinha, sala e sala de jantar.
No piso superior, paralelo ao canal, a Casa Figueira conta com quatro quartos. Aqui, o estúdio apostou em utilizar madeira brasileira para oferecer ao projeto um toque de cor e de durabilidade. A Casa Figueira tem ainda um segundo volume, ligeiramente afastado do principal, onde existe uma cozinha secundária e uma sala de jantar. Este edifício está num nível inferior ao da restante propriedade e tem acesso direto a um pontão no canal.
Também se impressionam quando os projetos de arquitetura se inserem de forma não destrutiva no ambiente? Vejam as fotos: