Quem acompanha com frequência o Bons Rapazes sabe que nos fartamos (embora nunca nos fartemos literalmente) de falar de aventuras. Mas, melhor ainda do que falar delas é mesmo vivê-las – disso não tenham dúvidas. A nossa aventura na Escócia durou quatro dias, de 18 a 21 de julho. Soube a pouco, claro. Muito mais havia para ver, experimentar e sentir. Mas, ainda assim, voltámos com a mala cheia de histórias bonitas, aprendizagens consolidadas e fotos incríveis, que vamos partilhar convosco ao longo desta semana. Vão ficar ao pormenor a Land of Chivas Regal.
Natureza e Clima
Para vos dizermos a verdade, ainda nos estamos a recompor disto tudo. A primeira coisa que têm de saber antes de avançarmos é: a realidade consegue ser ainda mais impressionante que as fotos. Tudo o que possamos escrever acerca deste tópico é – e sempre será – redutor. A dada altura, virámo-nos para o motorista que nos levava até ao hotel e perguntámos – num tom carregado de ingenuidade e, ao mesmo tempo, bom humor – como é que era possível manter as paisagens tão imaculadas. Com um sorriso de orelha a orelha, ele respondeu: “É a natureza que faz o trabalho todo”. Nós ficámo-nos pelo silêncio e continuámos a observar.
Conseguem imaginar um campo de golfe do tamanho de um país (neste caso, com 80 mil m2)? É um bom ponto de partida para ficarem com uma ideia do que é a Escócia. Verde mais verde não há. A sensação que dá é que há um tipo qualquer (ou vários) que, pelo menos uma vez por semana, anda pelos campos a aparar a relva. É que só pode! E, se acham que é cansativo ver sempre a mesma coisa, enganam-se. Até porque nunca é igual: há planície, há planalto, há montanha, há colina, há vale, há praia… e é aqui que entra a água. O oceano, o rio, o lago, a cascata, ou mesmo toda aquela que é despejada pelas nuvens. Mas não acaba aqui. Para além da dimensão quase absurda, este campo de golfe tem vida própria e não podemos ser egoístas ao ponto de o querer só para nós. Se procuram o significado de “biodiversidade”, deixem o dicionário na prateleira e comprem um bilhete para a Escócia. Vacas, ovelhas, cavalos, veados, todo o tipo de aves, e até focas. Há um conceito que os une a todos: liberdade. De ir, de ficar, de subir, de descer, de dar nas vistas, de desaparecer, de tudo.
Em Portugal, o verão dura, por norma, de junho a setembro. É muito verão. Na Escócia, o verão começou na manhã de terça-feira, 19 de julho, e acabou na noite de terça-feira, 19 de julho. Nesse dia, todos com quem trocámos duas ou três palavras chamaram-nos de “sortudos” e disseram-nos que tínhamos trazido o calor de Portugal atrás. Aquele era o último sol do pacote. Fora isso, a Escócia é sempre um cinzento indeciso e um guarda-chuva na mão, just in case. Ironicamente, a Escócia tem pouco sol e muito sol ao mesmo tempo. É que, por esta altura, as noites chegam tarde e partem cedo. Eram 23h15 e estávamos nós a desfrutar de um belo lusco-fusco com o disparo múltiplo da máquina. Depois, um ligeiro descuido com as persianas, deixou os primeiros raios invadirem o quarto do hotel por volta das 5h00. Voltamos a dizer: ainda nos estamos a recompor disto tudo.
Fotografias: Salvador Colaço