O texto mais discutivel de sempre.
No que toca ao assunto “maior banda do mundo” – e notem que usem o adjectivo maior e nāo, melhor – acho sempre que nāo há grande discussāo possível. Depois apercebo-me que estou a ser parcial e a colocar o meu gosto à frente de factos. E constato que, afinal, os factos só suportam a minha preferência, que já vai com 20 anos.
Costumo fazer este exercício com amigos meus que, em amena cavaqueira, teimam em nem sequer saber de História Musical Contemporânea como eu lhe chamo. Pergunto-lhes: “olha lá pá, gostos à parte, qual é que achas que é a maior banda do mundo?” e como resposta já ouvi de tudo, desde Guns and Roses a Coldplay (?!), de The Killers a Red Hot Chilli Peppers, de Nirvana a Muse. Ao que replico: “sāo grandes, escala mundial até, mas pensa lá…um pouco mais acima disso…”. E direccionando-os um pouquinho, lá começam a falar melhor (espero que esteja a pensar o mesmo, caro leitor). E só entāo me vêm com Metallicas, Led Zeppelins, Pink Floyd e Bruce Springsteen&The E Street Band. Monstros sagrados, que há muito garantiram o lugar lá no topo.
Mas digo “nahhhh. Tens de pensar all-time. As bandas que mais fizeram pela música, que mais fās ainda hoje têm. Aquelas cujo gosto resiste ao teste do tempo, Que mais inovaram, mais desbravaram caminhos, mais usaram do selo “os primeiros a…”. E devagarinho lá referem duas que bem poderiam ser: “Queen? Rolling Stones”. Quase. E rematam: “AH! U2”. Bingo! Seguido de “Pfffffff nem pensar”.
É genial como a constataçāo de um facto vem logo seguido de um gosto pessoal, num campo que, na verdade, é inegável. Porque como nāo há como negar, desdenha-se. Nāo percebo a moda de se ter deixado de gostar dos U2. Tal como nāo percebo a moda de se ter deixado de gostar de Oasis, do Titanic e de tantas outras coisas que moveram paixões e agora se assobia para o lado. O Bono ficou chato com tanto humanitarismo. Facto. Mas e entāo? Que tem isso a ver com a música e o papel da banda irlandesa nos últimos 40 anos na tal História da Música Contemporânea? E porque será que ao vivo sāo, também, a maior – e aqui sim, melhor – bando do mundo? (estou a citar vários amigos nāo-fās de U2 que reconhecem a monumental comunhāo que é vê-los ao vivo).
“Ah e tal…os primeiros álbuns é que eram”. Lugares-comuns, clichés de quem nāo sabe que só passados 15 anos (quinze!) de carreira, é que os U2 fizeram o seu melhor trabalho de sempre, quiçá do mundo, com o “Achtung Baby” de 1991. E que 23 depois disso se preparam para novo trabalho e nova tour, depois de terem esmagado records com a anterior. “Ah e tal…a esconder dinheiro do fisco, também eu”. Ora fodam-se…nem ver para crer. Apre. Desisto. Cegos sāo os que nāo querem ver.
Só falta um Oscar, numa carreira de 4 décadas. Esperem mais um mês….
Frederico Roberto
O Fred é publicitário e vive em terras de Sua Majestade. Acha que as inglesas nāo têm piléria nenhuma comparadas com as portuguesas.