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Esta é daquelas que merecem destaque aqui no Bons Rapazes. Não há como ficar indiferente àquela que é, sem dúvida, uma das road trips mais marcantes de sempre. Em 1982, a britânica Elspeth Beard deixou Londres na sua BMW R 60/6 e partiu numa aventura de dois anos pelo mundo fora. Lembrem-se de um “pequeno” pormenor. A década de 80 pode não ter sido assim há tanto tempo, mas o mundo ainda não conhecia telemóveis, internet ou GPS, o que só torna ainda mais heróica a odisseia de Elspeth Beard – é caso para dizer que é uma mulher de Beard rija. Passados 35 anos, há um livro que nos vai contar tudo ao pormenor – desde os acidentes aos documentos falsificados, passando até por surtos de hepatite. Chama-se “Lone Rider”.
Cerca de 1300 euros. Foi o que Elspeth Beard precisou de desembolsar para comprar uma R 60/6, de 1974, com 48 mil quilómetros feitos. Mas, antes disso, teve de trabalhar num pub londrino para amealhar o dinheiro, para a mota e, claro, para uma parte da viagem. Os estudos em arquitectura ficaram congelados. Com apenas 23 anos, apanhou o avião para Nova Iorque (a mota seguiu noutro), onde iria dar início à sua aventura. Da “Big Apple”, foi em direcção ao Canadá e, depois, desceu para o México, antes de voltar a subir para Los Angeles, onde iria apanhar o barco até Sidney. Durante 7 meses, pelo próprio pé, descobriu a Austrália, enquanto mantinha um emprego num estúdio de arquitectura – é que, por esta altura, já as poupanças tinham chegado ao fim. Foi precisamente na Austrália que teve o seu primeiro azar com a mota. O resultado foi uma valente concussão, mas, por sorte, nenhum osso partido. As duas semanas que esteve acamada no hospital não foram suficientes para a intimidar. Mal ficou recuperada, abriu o mapa e pousou o indicador sobre Singapura. Indonésia, Malásia, Tailândia, Índia, Paquistão, Irão foram alguns dos principais pontos de paragem durante a jornada pela Ásia. Quando chegou à Turquia, Elspeth Beard pesava 41 quilos, menos 24 do que no primeiro dia da viagem. Só após voltar a ganhar algum peso é que se fez à estrada, para regressar a casa.
Nessa altura, selou todas as recordações da viagem numa caixa de cartão, que esteve guardada até 2008. Foi então que, a convite de Andy Dukes, o jornalista Paul Blezard escreveu um artigo para a BMW Motorrad sobre o feito da britânica. Nos anos seguintes, a história espalhou-se pelo mundo e, em 2014, Elspeth recebeu um telefonema promissor de Hollywood. Queriam fazer um filme sobre ela. Ela não foi na conversa. Preferiu, antes, escrever um livro com 320 páginas. Com quase 60 anos, Elspeth Beard continua apaixonada pelas duas rodas e ainda conduz a mota que a levou a conhecer o mundo há mais de 30 anos.
Ficaram com água na boca, certo?
Podem comprar o livro aqui e ler a entrevista à BMW Motorrad aqui.