Código até ao osso
Enquanto o país vai a banhos, anda por aí um grupo de conspiradores a tentar resgatar gente boa que desistiu de sonhar. Eu faço parte desse grupo e queria agradecer aos Bons Rapazes por me darem a possibilidade de vos falar desta “Teoria da Conspiração”.
Há cerca de um ano co-fundei um projecto chamado Academia de Código que tem a presunção de ajudar a resolver o problema do desemprego no nosso país. Talvez vos pareça uma ideia megalómana, mas nós por aqui achamos que, quando alguém pensa em montar uma empresa, deve incluir no seu ADN o impacto positivo que ela pode trazer à sociedade. Farto que estava de ouvir as pessoas a desculparem o atraso geral e arranjarem soluções sem pés nem cabeça, decidi pôr as mãos ao trabalho e fazer acontecer o que me pareceu ser a melhor solução.
Uma das primeiras coisas que fizemos chama-se Academia de Código Júnior e a sua ideia é incluir aulas de programação no currículo de ensino obrigatório do país. Não vos vou cansar com estatísticas, mas os estudos que demonstram que transformar as crianças e os jovens de meros utilizadores em criadores de tecnologia faz com que um país seja mais competitivo. Eu tenho três filhos e quero que eles aprendam esta nova literacia e que possam, desde novos, sonhar e criar com a sua imaginação a tecnologia do futuro.
A Academia de Adultos é a outra face da moeda e tem objectivos mais imediatos: por um lado, suprir a falta de programadores, que se estima que este momento ande à volta de 10.000, em Portugal; por outro, ajudar desempregados a requalificarem-se como programadores.
Isto de os jovens terem de emigrar só porque não encontram trabalho e de tanta gente com talento viver a agonia do desemprego de longa duração, foi o que me motivou para não ficar de braços cruzados. Se partilham desta perplexidade e se conhecem algum “jovem licenciado desempregado” (até 30 anos)… estão abertas até dia 16 inscrições para um primeiro curso gratuito, que começa em Setembro, aqui
Para os menos jovens, começa outro curso em Janeiro . Ainda são cursos “piloto”, mas a ideia é servirem ambos para provar que é possível requalificar com qualidade. Estamos a colocar um nível de exigência nos programas muito elevado, mas também a oferecer boas condições de aprendizagem aos nossos “code cadets”. Por isso, acreditamos que vamos ter uma taxa altíssima de colocação dessas pessoas em novos empregos, permitindo que eles voltem a acreditar que é possível um futuro melhor e, ao mesmo tempo, fornecendo ao mercado do trabalho pessoas qualificadas com vontade de crescer e provar o seu valor.
Se conseguirmos fazer isso, vai ser uma vitória incrível para toda a gente que anda há meses empenhado neste projecto. Para mim, será a realização de um imperativo moral.
Domingos Guimarães