Por muito que custe ao mulherio, nós, os machos, não perdemos muito tempo a falar delas. Não é por não serem uns seres potencialmente interessantes mas, de facto, temos assuntos muito mais excitantes e, sobretudo, sumarentos.
Um tipo fala das pernas da Elle Macpherson, diz que a cachopa tem umas boas pernas, faz um esgar comilão e, se for muito expansivo, dirá que lhe dava um tratamento de primeira com a precisão de alguns detalhes e alguns ruídos esclarecedores. Em meia dúzia de segundos está o assunto tratado.
Coisa muito mais excitante será analisar a capacidade física do Fernando, a elegância do Jackson ou a fibra do Mangala. E, se então, a conversa for para a análise do sistema de losango ou a importância táctica da altura de um bom “trinco” estão garantidas várias horas de conversa.
Escusado será dizer que o número de horas investidas nestes temas é diretamente proporcional à qualidade do whisky ou à quantidade de cerveja: os rapazes de barba rija sabem bem o que um copito pode fazer pela criatividade e interesse do discurso.
Para ser completamente sério, não são só assuntos de incontornável relevância como os do futebol que nos ocupam o tempo.
Para nós, homens, assuntos como o ponto exato de cozedura de uma lagosta é um tema muito sério. A análise da forma como arrancávamos as asas às moscas para as excitantes corridas que organizávamos, quando crianças, não é coisa que possa ser tratada com meia dúzia de comentários. As letras de um qualquer músico pimba merecem uma cuidada análise. A motorização dum Ford Mondeo ou dum Morris Mini não é, bem vistas as coisas, um pormenor desprezível. Até temas de importância mais reduzida como as guerras, a fome ou a política merecem o nosso atento cuidado.
É esta, minhas senhoras, a mais pura verdade. Não é que nós não vos achemos uma certa piada, mas não há dúvida que vocês não são o melhor assunto do mundo. E não se iludam, quando há um rapaz que gosta muito de falar sobre vocês, é certo e sabido que não é um particular apreciador da troca de fluídos convosco.
Lamento desiludir-vos mas só mesmo quando, num grupo de homens, surge um silêncio, é que alguém pergunta: “então e gajas?”
Pedro Marques Lopes