Ir a um estádio ver um jogo de futebol sempre fez parte do meu imaginário enquanto miúdo. Quando sabia que isso ia acontecer, passava noites sem dormir, já me imaginava de cara pintada e a sair de lá afónico. Para mim, este acontecimento é todo um ritual que não se cinge apenas ao jogo per se. Ir umas horas antes, beber uns copos com os amigos, petiscar alguma coisa enquanto se discutem prognósticos, tácticas, críticas e afins, tudo faz parte da experiência.
Hoje tive a oportunidade de ir ver o FC Porto-Braga e é sempre uma grande emoção ver o meu clube a jogar em casa. O jogo não se adivinhava fácil. No final da jornada passada o Porto tinha perdido a liderança para Sporting e Benfica.
Não seria uma partida fácil e, prova disso, foi a primeira parte que se mostrou muito lenta. Os jogadores do Porto pareciam que se arrastavam em campo o que levou a que uma onda de indignação surgisse nas bancadas. Sentia-se a ira e a incompreensão dos adeptos do clube que se fizeram ouvir durante todo o primeiro tempo. Foi só aos 30 minutos de jogo que o Porto fez uma primeira aproximação com perigo à baliza do Braga, um remate que acabaria por ser revelar inofensivo.
Nas bancadas, a contestação ia aumentanto e nem o frio demovia os adeptos que ora se agarravam aos dedos para os aquecer, ora para assobiar.
Aquando do intervalo, com os ânimos ao rubro, mas pelos piores motivos, os adeptos continuavam a criticar jogadores e toda a equipa técnica, no entanto, foi com grande gosto que pude observar a quantidade de famílias reunidas, todas vestidas a rigor com as suas camisolas azuis e brancas, que punham de parte por uns momentos os nervos do jogo e tiravam fotos todos juntos, tentavam comunicar com os seus jogares favoritos, enfim, viviam a verdadeira experiência do que é ir ao estádio ver um jogo de futebol. Parece-me que me estava a ver a mim quando tinha a idade daquelas crianças.
Após os 15 minutos de intervalo, era hora de nos concentrarmos novamente no jogo e não sei o que se terá passado naquele balneário ao intervalo, mas a verdade é que subiu um FCPorto completamente diferente ao relvado, entrando com a garra que é habitualmente reconhecida a esta equipa.
O Porto entrou práticamente a ganhar na segunda parte. Aos 48m, Jackson Martínez mete finalmente a bola no fundo da rede, levantando automaticamente os adeptos dos seus lugares em euforia. Avizivanha-se uma segunda parte bem diferente que tínhamos visto nos 45 minutos anteriores.
Com o decorrer do segundo tempo, viu-se que a equipa estava a reconquistar novamente a massa associativa a cada minuto que passava, e como foi bom poder sentir que a equipa se esforçava para responder aos adeptos com o bom futebol a que estão habituados. Prova disso foi quando aos 80m Jackson Martínez bisa e desfaz por completo o desejo do Braga ir estragar o sábado aos adeptos portistas.
Fim do jogo e, apesar de não ter sido uma partida perfeita para o FC Porto, ficou provado que temos tudo o que é necessário para vencer qualquer adversário, que temos um grupo de adeptos único no Mundo e que ainda sinto a mesma emoção de ver jogos ao vivo que sentia quando era um miúdo. Para mim, isto é que é futebol.
PT