Lés a Lés 2017 | Dias 2, 3 e o final da Volta a Portugal

ARTIGO ESCRITO PARA O BONSRAPAZES.COM NUMA PARCERIA COM O JORNAL ECONÓMICO ECO – ECONOMIA ONLINE

Saída a 13 de Junho, chegada a Lisboa a 18.
Lisboa – Vila Pouca de Aguiar – Fundão – Elvas – Faro

Dias 2, 3 e o final da Volta a Portugal

Do Fundão, passámos por Elvas e fomos terminar esta aventura a Faro. Foi uma aventura bem cozinhada, ouviu-se pelo caminho. E não podia concordar mais, ou não estivéssemos debaixo de mais de 37ºC ao longo de toda a viagem, tendo chegado bastantes vezes aos 46ºC.

Não se falou noutra coisa na semana passada e não era para menos, estávamos no interior do país, muitas vezes mesmo junto à fronteira com Espanha e as condições climatéricas deram a esta viagem momentos de pequeno inferno ponteados por oásis – nome dado aos pontos de passagem onde fomos muito bem recebidos pela organização com água, comida e café. A viagem anterior que ligou Vila Pouca de Aguiar ao Fundão passou pela bonita zona do Alto Douro Vinhateiro (podem ler aqui) e já deixava adivinhar os próximos dias. Estava tudo com algum receio do que poderia acontecer ao atravessar o Alentejo, fez-me lembrar as viagens ao Algarve em Agosto onde até nós, ainda miúdos, não nos importávamos de ir a dormir no carro de noite só para que esta travessia fosse mais branda de calor. Aqui não tínhamos essa hipótese por causa dos tempos de passagem, portanto, lá fomos nós. Foram ainda algumas as pessoas que optaram por não seguir viagem o que nos deixou sem GPS e roadbook, já que estupidamente não tínhamos nas nossas motas. Seria impossível fazer o percurso com telemóvel na mão e o grupo a quem nos poderíamos juntar nesta etapa entre Fundão e Elvas, já tinha arrancado bem mais cedo. Fizemos o que conseguimos, eu e o Tiago Almeida, sempre juntos até ao fim. Desenrascámo-nos pelas estradas que ligam a capital da cereja a uma das cidades conhecida por ser das mais quentes do país e por ter Badajoz à vista, claro: Elvas. Acabou por ser uma viagem bem divertida, sem percalços mas com um grande susto numa curva à esquerda com uma árvore caída no meio da estrada. Já era noite, eu ia na frente e só me apercebi do obstáculo já em cima dele. Passei-lhe a rasar. É aí que mais uma vez nos lembramos dos nossos, a minha preocupação não foi apenas comigo, quem vai a liderar os percursos também tem alguma responsabilidade de alertar quem vai atrás mas ali não tive qualquer hipótese. Nem pisca ou quatro-piscas, nem nada. Num segundo já tinha passado a árvore caída bem junto aos meus pés e, quando olho para trás pelo lado direito, não vejo o meu parceiro de viagem. Está tudo escuro, numa fracção de segundos ocorre-me o pior. Quando olho pelo espelho esquerdo lá o vejo a desviar-se como pôde e a safar-se também do que poderia ter sido trágico. Claro que encostámos uns segundos na berma a dizer uns palavrões. Coincidência ou não, fomos “abençoados” com uma ligeira chuva acompanhada de trovoada que no momento até soube bem – chuva, sim, também apanhámos disso apesar das temperaturas. Bem, arranca que estão à nossa espera no Pateo dos Solares, é que se esta viagem teve boas curvas, também teve bons repastos e boas camas, é fundamental uma boa noite de sono e, nesta edição, uma piscina para refrescar.

7h da manhã a sair de Estremoz em direcção a Elvas. Passamos por Vila Viçosa para nos encontrarmos com o grupo BMW Portugal e lá segue a caravana para a dura travessia do Alentejo, 403km de etapa do “longo e desértico Alentejo”. Paisagem seca, pouco trânsito, pessoas que pareciam só sair à rua para nos ver passar caso contrário estariam à procura do canto fresco das suas casas, castelos lindos com vista para Portugal de um lado e Espanha do outro. Monsaraz, por exemplo, que maravilha de sítio. Mourão, Amareleja, Santo Aleixo da Restauração onde também parámos e fomos muito bem recebidos – sabiam que esta vila foi estratégica e muito importante durante a Guerra da Restauração? Foi homenageada no monumento que embeleza a Praça dos Restauradores em Lisboa, e tem uma réplica deste mesmo monumento no centro histórico junto à igreja (vejam este vídeo onde se percebe isso mesmo.) – Mina de São Domingos, Mértola, Alcoutim, Estói e finalmente Faro. Que viagem esta, que loucura de calor que só foi possível aguentar com muita água, um mergulho pelo meio e uma óptima energia de todo o grupo que fez esta etapa. Que sorte tivemos, dizia eu ao T. Almeida já em Faro. Começámos 4 em Lisboa e acabámos com outras pessoas que fomos conhecendo mas todos com um espírito incrível, assim como o Portugal que visitámos e damos sempre a conhecer através d’ #oPortugalincrivel.

Vimos de tudo e cheguei mais uma vez à conclusão de que temos um país riquíssimo, em deve ser aproveitado o contacto com a natureza. O Lés a Lés terminou no sábado mas a nossa volta a Portugal não. Terminou ontem com passagem pela Costa Alentejana, praia da Bordeira, Cordoama, Aljezur, São Torpes) e com a brutal sensação a atravessar a Ponte 25 de Abril no fim de mais uma jornada. Só espero ter a mesma sensação no próximo ano.

E por falar nisso, quando é que abrem as inscrições?

Tiago Froufe